domingo, 26 de junho de 2011

Dia de chuva. Chuva lá fora.
Em dias de chuva lembro daquele menino.
Menino que gostava de chuva.
Menino inocente, que sempre gostou de uma boa conversa,
conversar é modo de dizer, ele nunca foi muito de falar,
mas escutava.
Escutava com atenção, a admiração alheia, e admirava admirar.
Ainda que não admirasse a admiração, mas gostava de escutar,
e aquelas eram boas conversas.
Mesmo só, nunca sozinho, transformava qualquer coisa em brincadeira,
qualquer entreolhares em jogo,
e escutava.

Saudades daquele menino.
Menino que gostava de chuva.
As vezes pergunto para onde ele foi?
Mas só as vezes, a resposta não é tão bonita.
O mundo não perdoa a admiração inocente, a inocência alheia,
a vida simples é repudiada por eles, mas um dia eles se voltam para ela,
e buscam ter o que aquele menino tinha,
tinha e tem, prefiro crer, que onde quer que esteja, as vezes ele sempre volta,
principalmente nos dias de chuva, que ele tanto gostava.

Nestes dias, sei que ele pensa, seria bom ter companhia,
para uma boa conversa.

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"Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno." - Paulo Leminski

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