sábado, 4 de dezembro de 2010
O Homem sem Máscara
Há muito, em um tempo onde o tempo não era relevante ainda.
Há muito, onde o local não era o que hoje é, havia um personagem, que crescia.
Em seu castelo irreal, em sua realidade ideal, fragmentos dispersos alteravam a percepção da vida.
Não tardou para adquirir conhecimento, do que há para se saber sobre todos os demais.
Em sua compreensão desigual, viu a natureza de todas as coisas, e sua visão alterou a percepção.
Prevendo o que aconteceria, e vendo o que se tornaria, a si mesmo trancafiou e sua máscara criou.
Induziu a percepção, fragmentou e dispersou, e vestiu-se do manto do altruísmo.
Então o tempo ganhou relevância.
E a realidade, a real, pôs a prova a resistência da máscara.
Em sua essência, advogava em favor daqueles que lhe alvejaram,
com sua força, permitia que olhos atentos, vissem através dela a todos os demais.
O veredicto era esperado, eles estavam com defeito.
Sair.
Quebrar.
Não. A máscara, tranca perfeita em conjunto com o manto do altruísmo criaram a
armadura que o prenderia ali, e com o poder, manteve os fragmentos, e se voltou
contra os que os alvejaram.
Mas em um exercício de comprovação do inegável, a máscara contemplou o inquebrável,
e questionou e respondeu: "Há algo que o seja?"
"Não."
Como um último ato, o conjunto irreal, a armadura de um anti-herói inexistente levou para longe,
a face, e silenciou as vozes de seu interior, deixando-a vazia.
Sem conteúdo, a face contemplou a existência, e com os fragmentos, criou sua percepção,
e não foi capaz de negar, o propósito da vida.
O manto do altruísmo se tornou em outra cor, antes indistinguível entre o preto, roxo, branco, azul e vermelho, agora era o medo. Revestida de sua nova armadura, a face encontrou propósito, e sonhou.
Agora com um sonho, se tornara entidade de poder, e aquilo que fora previsto que se tornaria.
Com os fragmentos sucessivos, a máscara se enfraqueceu, e a tranca deixou-nos a todos.
Então, viu-se sem que fosse visto o fim do homem de máscara, e em seu lugar, o que antes fora incompreendido, agora levantara-se para demonstrar sua compreensão.
Fria a face, já não mais sem conteúdo fitou o mundo, e o palácio irreal em que estivera, e viu que a realidade é. Não boa, não má, ela é.
E por fim, viu-se sem que se fosse visto o homem sem máscara, e então, dissera agora completo e após um sorriso malicioso:
"Eu não tenho mais limites."
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